terça-feira, 13 de novembro de 2012

Holocausto Zumbi?

A série estadunidense The Walking Dead tem feito muito sucesso em meio aos jovens.

Seus episódios semanais - que já atingiram a 3ª temporada, prendem a atenção dos telespectadores do início ao fim. É incrível. Mesmo com um tema tão repetido ao longo dos anos, a trupe da Fox superou todas as expectativas.

Não diferente de outros que abordaram a questão, a trama se passa em diferentes regiões dos Estados Unidos, pós o temido holocausto zumbi. Na série eles usam o termo "Walkers" para os mortos vivos, que traduzido para o português ficaria algo como "Errantes".

A pessoa após ter sido mordida ou sofrido escoriações dos walkers, se torna, em pouco tempo, um deles. O diferencial fica a cargo de uma revelação feita em um dos episódios, de que todos carregam o suposto vírus no organismo e, ao morrer - independente da forma, irão se tornar zumbis.

É interessante, ainda, como a série trabalha o diálogo psicológico do medo de se perder aquilo que nunca se teve. As pessoas, mesmo com famílias destruídas no mundo cotidiano, buscam incansavelmente pela busca da felicidade que nunca existiu. Além disso, os sobreviventes passam a se autodestruir para garantir uma segurança provisória. Nessa viés, as leis naturais do homem moderno ficam em segundo plano, inegavelmente.

Mas, algo nunca questionado, como seria se o holocausto zumbi ocorresse em terras brasileiras?

Bom, primeiro não teríamos muitos problemas com mortos vivos entrando em nossas casas. Isto porque, como é sabido, em território nacional já convivemos com um medo similar. Por conta dos assaltos, vivemos em fortalezas muradas de portões eletrônicos e grades com arame farpado. É como se estivéssemos na Idade das Trevas.

Outra possibilidade é que o governo constituiría uma prisão para os "errantes", onde um departamento especial das Forças Armadas caçaria os mortos vivos, considerados uma ameaça nacional, entre diversas outras medidas que contabilizam saldos políticos positivos. 

A pergunta que deveríamos nos fazer é se efetivamente não estamos presenciando o holocausto zumbi brasileiro.

Quem seriam os mortos vivos afinal? Depende do ponto de vista. Se pensarmos que temos viciados apodrecendo em praças de nossas cidades, essa pergunta começa a fazer sentido. Se lembrarmos que as pessoas preferem atravessar a rua do que se deparar com uma pessoa usando crack, cheirando mal, a pergunta passa a fazer mais sentido ainda.

(Não. Esta foto não é da série The Walking Dead. É da cracolândia. Qualquer semelhança é mera coincidência)

Séries televisas se baseam em acontecimentos reais. O holocausto zumbi, ao meu ver, é uma dramatização da vida moderna sob outra ótica.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Uma profissão de risco e sem mérito: seja professor?


Não estamos falando do professor universitário, de cursos profissionalizantes ou similares. O cargo aqui discutido é o de docente de escolas estaduais e municipais.

O que era um professor na década de 1950? Se fizer o questionamento para pessoas mais velhas, elas lhe responderão: era nosso mestre, quem admirávamos muito. De fato, os docentes eram admirados não só por seus alunos, mas também por toda a sociedade. Então, o que aconteceu em meio século para mudar tão drasticamente esta história?

Se de um lado, após a instauração do Regime Militar (1964), parte da classe ganhou mais poder sobre seus alunos, por outro, muitos intelectuais de grande valia foram perseguidos por sua condição política oposta ao novo sistema ditatorial. Algumas “humilhações”, hoje, consideradas por alguns, absurdas, eram aplicadas com êxito: palmatória, castigo, ajoelhar em grãos de milho, entre muitas outras. Lembro-me do meu pai contando: “Durante as aulas de francês, todos procuravam decorar as falas, porque se não, a irmã vinha e batia em nossa mão com a palmatória”. Pois, então, esse sistema de “sucesso” era resultado do envolvimento da igreja católica com a escola? De certa forma não. Até porque, eram poucas e em suma, particulares, os centros de ensino que possuíam irmãs ou freiras lecionando.

Durante a década de 1980, mas precisamente em 1985, a revolta dos jovens era grande. Estávamos saindo do regime militar. Era a liberdade. Em tese, a maioria dos jovens queria extravasar. Em resultado a isso, foi o momento do surgimento, com mais afinco, das bandas Titãs, Barão Vermelho, Legião Urbana, Engenheiros do Hawaii, Paralamas do Sucesso, entre muitas outras. E, eu aponto este o período problemático para os professores. Este pode ser considerado o “Dia D” da revolta dos alunos contra seus “mestres”.

Foi em meio a este processo que começaram a surgir os primeiros dados de agressões contra professores. A “liberdade” conquistada foi entendida de uma forma diferenciada pelos jovens da época. E isso, naturalmente, se consolidou e piorou ao longo dos anos. Transversalmente a este processo, um documento veio para reforçar o poder que o público estudantil estava ganhando: Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Nº. 8.069, 13/07/1990).

Com o Estatuto, os professores perderam a autoridade em sala. E, se antes, não significa que concorde com isso, os professores castigavam os alunos que estavam foram das condutas, hoje, os alunos punem os professores, quando estes, tentam impor limites. Contraditoriamente, os pais esperam que os professores façam o trabalho de educar seus filhos, contudo, esta função deve ser realizada dentro das casas. Eis mais um problema: com os baixos salários e muitas horas de trabalho, os patriarcas e matriarcas precisam se redobrar para sustentar a família e com isso, se ausentam e não acompanham o desenvolvimento dos filhos no momento mais crítico de suas vidas: a adolescência. Não raro, é nesse período que os jovens se aproximam de traficantes, de drogas.

Volto a perguntar para você leitor: como culpar os pais nestas condições? Vocês podem responder: meus pais sempre trabalharam e eu não fui resultado desse processo. Concordo, não podemos generalizar, mas a grande massa (classes mais baixas do sistema) é frágil e em sua maioria, não possui a base familiar necessária para suportar este tipo de problema.

Enquanto isso, os professores continuam no fogo cruzado, em uma profissão de risco, com baixa remuneração e nenhum conhecimento.

A resolução é um processo a longo prazo. Mas, a classe que deve ser mais valorizada no sistema capitalista, a qual o Brasil está inserido, é o professor. O conhecimento é a base de qualquer desenvolvimento.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A internet como ferramenta de efusão de ideias

O que é WikiLeaks?

Geralmente, não tendo conhecimento do significado da palavra, a pessoa busca pelo dicionário. Ou, em meio a nossa "modernidade", recorremos ao Wikipédia. Vamos à segunda opção, já que a palavra supracitada não existe no nosso vocabulário:

WikiLeaks
é uma organização transnacional sem fins lucrativos, sediada na Suécia, que publica, em seu site, posts de fontes anônimas, documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis. [...] O site, administrado por The Sunshine Press, foi lançado em Dezembro de 2006 e, em meados de Novembro de 2007, já continha 1,2 milhão de documentos. [...] a organização informa ter sido fundada por dissidentes chineses, jornalistas, matemáticos e tecnólogos dos Estados Unidos, Taiwan, Europa, Austrália e África do Sul. Seu diretor é o australiano Julian Assange, jornalista e ciberativista. [...]

Pois bem. Uma mera explicação para um site, em tese organizacional, que visa publicar postagens de fontes anônimas. Em suma, é uma crítica declarada às guerras efetivadas pelos Estados Unidos contra países do oriente médio. (Primeiro ponto, não se baseie somente pelo Wikipédia. Lembre, as fontes são provenientes dos próprios leitores).

Contudo, o WikiLeaks iniciou um processo de publicação de milhares de documentos e alguns vídeos, no entanto, constrangedores para o governo estadunidense.

Mas, enquanto a mídia veículava a imagem ao site, existia uma pergunta mais interessante: quem era essa fonte anônima?

Não demorou muito e os sobrinhos do Tio Sam iniciaram as buscas, investindo milhares de dólares. O que surpreendeu? A suposta fonte do Wikileaks é um jovem de 23 anos, Bradley Manning, ex-analista de inteligência do Exército dos EUA. Agora, preste atenção em sua tática para "furtar" os documentos "Top Secrets":

[...], ele dizia que ia trabalhar levando um CD com músicas de Lady Gaga, sobre o qual ele gravava dados retirados de uma rede militar secreta da internet.


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Vale duas análises:

1º - Com bilhões de dólares investidos em segurança, o sistema estadunidense se mostra eternamente frágil;
2º - A guerra ainda não acabou e dá sinais de um novo formato de confronto: virtual. Este embate não tem campo definidio, nem soldados numerosos, são mentes brilhantes em busca de enriquecimento rápido e fácil. Os melhores conseguem e continuam a labuta no anônimato.

Consideração final:

O poder mostrado pela ferramenta em si, o portal WikiLeaks, provou o poder de uma única pessoa para contra o estado. Isto é, a teoria de unificação do povo, em teor físico, em prol de movimentos populares se excluí neste novo cenário mundial. Basta um clique e a ideia, se aceita, começa a ser disseminada.

Estamos nós, utilizando a internet de maneira correta?

Quer saber mais sobre o WikiLeaks? Clique AQUI.

Fontes: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2010/11/30/saiba-mais-ex-analista-militar-dos-eua-seria-fonte-do-wikileaks.jhtm / http://www.wired.com/threatlevel/2010/06/wikileaks-chat / http://wikileaks.org/

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Guerra Civil Brasileira



Com os últimos acontecimentos ocorridos na Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio de Janeiro, devemos nos perguntar: estamos em meio a uma Guerra Civil velada? A resposta é SIM. E, o pior, a muito mais tempo do que se imagina. Por quê uma Guerra Civil velada? Pelo fato da mídia nacional transmitir a informação como existindo somente um “vilão” na história: os traficantes. Mas, o problema é mais profundo e com consequências muito piores do que prevemos. 

A lei da oferta e da procura é básica, se temos um vendedor, é porque existem seus compradores. Tradicionalmente, uns tem o poder de comprar maior do que os outros. Trazendo essa premissa para a realidade do tráfico, a fórmula não se modifica. Contudo, o que raramente se discute é “quem são esses compradores?”. Quando o questionamento é feito e, neste sentido, ele sempre é realizado, a grande massa vai intercalar dizendo que os usuários são pobres, provenientes da própria favela ou de classes mais baixas. Contraditoriamente, estão errados. O fato é que os consumidores de maior poder de compra, logo, com alto consumo, são das classes A, B e C, a elite. A falha de comparação é um erro comum introduzido na mente dos cidadãos, pois, os usuários miseráveis, mendigos, consumem seus “produtos” ao “ar livre”, logo, são notados com maior frequência. Já, a classe mais consumista desfruta dos seus “itens” no interior de suas luxuosas casas, escritórios, quando não, em festas elitizadas. 

O que vem sendo enraizado na mente dos brasileiros é um “crime” contra a nação. Parte-se do princípio que as favelas do Rio de Janeiro foram constituídas em tese pela própria elite nacional, quando esta, no século passado, passou a “expurgar” os negros recém libertos do regime escravocrata para os morros. É certo que na época não existia esta preocupação cotidiana de cunho social. Contudo, pouco ou nada se fez com o passar dos anos. Gerações foram erigidas sob a tutela das favelas. Com isso, sociologicamente falando, uma nova identidade cultural foi criada, sendo pouco debatida pelos pensadores.

Por baixo da ponta do iceberg, temos os traficantes que gerem as "leis" das favelas. Eles sistematizam o comércio de drogas e “aluguéis de segurança” para com os moradores e micro empresários destas localidades. Aqui, ressalta-se a identidade cultural da favela. O homem, em tese, é produto do meio. Em algumas sociedades mais do que em outras. Sabe-se, que todos têm o direito de buscar possibilidades melhores. Mas, as classes menos favorecidas nem sempre tem essa opção. Ou seja, trabalham com empregos de baixa remuneração e com isso, muitas vezes, abandonam o mercado de trabalho para entrar no mundo do crime. Seu “sonho americano” é poder se transformar no “dono do morro”. São visões diferentes de uma vida em um mesmo sistema democrático. 

Saibam, sempre deve existir os dois lados da história. Esta, até agora, só mostrou um. A pergunta certa a ser feita é: quem é o vilão, quem trafica ou quem compra drogas?